segunda-feira, 8 de outubro de 2012


A DOR MUSCULAR DO DIA SEGUINTE

Existe um quadro de dor muscular que todos nós já experimentamos. Trata-se daquela dor que aparece não imediatamente após, mas no dia seguinte de uma atividade ou esforço físico mais intenso, mais prolongado ou que se caracterize por movimentos ou posturas que não estamos acostumados a fazer.
Na hora, ou imediatamente após, temos somente aquela sensação de cansaço um pouco mais acentuado e que parece que não vai ter nenhuma consequência maior. No entanto, o dia seguinte as vezes é tenebroso !
Geralmente a constatação do “estrago” ocorre ao sair da cama no dia seguinte, quando muitas vezes a percepção é de se estar totalmente “travado”.
Este quadro era geralmente associado ao acúmulo de ácido láctico nos músculos, tanto é que o que se costumava recomendar é que o indivíduo fizesse exercícios para “soltar” ou desintoxicar os músculos.
Na realidade a suposição acima constitui-se em um erro conceitual que pode-se dizer é consagrado pelo uso. O quadro da dor do dia seguinte não tem nada a ver com o chamado ácido lactico, nem se constitui numa situação que os músculos estejam intoxicados. O que acontece é o seguinte: Quando solicitamos nossos músculos acima de um certo limite de tolerância, o qual varia demais de um indivíduo para outro, provocamos o que a ciência chama de micro-traumas.
Trata-se de um trauma microscópico que acomete algumas fibras musculares “machucando” os músculos. A resposta a este trauma vai ser um processo de reparação do “estrago” que se caracteriza por um processo inflamatório. Desencadeia-se então uma inflamação dos músculo inclusive com um processo de edema que chega a provocar aumento de volume. Isto dói e chega em casos mais sérios a provocar incapacitação funcional. Algumas vezes pode provocar até aumento da temperatura corporal.
Felizmente este processo evolui em pouco tempo (no máximo alguns dias) para a absoluta normalização sem deixar nenhuma sequela.
A questão é reconhecer o quadro e não conduzir o período de recuperação de forma errada. Fazer exercícios com o músculo dolorido, alongar os músculos etc não vão ajudar em nada, podendo até causar um dano maior.
As dores musculares consequentes à prática  de atividade física intensa constituem um dos quadros mais comumente observados entre praticantes de esportes e exercícios tanto recreativos quanto estéticos.
O quadro é transitório e clinicamente descrito por sinais e sintomas que na literatura científica, tem sido denominado de DOMS (Delayed Onset of Muscle Soreness) (Carter, Dobridge, Hackney 2001, Brockett, Morgan, Proske 2001, Kulig, Powers, Shellock, Terk 2001), ou DMIT (dor muscular de início tardio).
A DOMS tem sido caracterizada na literatura por edema, perda da amplitude de movimento (ADM) devido a diminuição da flexibilidade, perda de força muscular do membro afetado, aumento dos níveis séricos de Ceatina Quinase (CK), Desidrogenase Láctica (DHL), mioglobina e fragmentos da cadeia pesada de miosina e manifestação subjetiva de dor muscular.
O quadro é, a consequência de um processo inflamatório desencadeado pela ocorrência de micro-traumas difusos nas fibras musculares solicitadas, com manifestações dolorosas de leves a intensas e que são exacerbadas pela movimentação ou palpação. A dor pode ser experimentada entre 8- 72 horas após o exercício, podendo persistir  por 5 –10 dias, e cujo pico pode ocorrer entre 24 e 48 horas após sua indução. (Bobbert, Hollander, Huijing 1986, Newham, Jones, Ghosh , Aurora 1999, Cleak, Eston 1992, Craig, Cunningham, Walsh, Baxter, Allen 1996).
O aumento à sensibilidade dolorosa, é resultado do edema e da sensibilização dos nociceptores intramusculares por substâncias algogênicas liberadas após o estiramento e ruptura da banda Z (dano muscular).
A DOMS poder ser provocada por qualquer exercício não habitual e  com intensidade e/ou duração maior que o habitual, porém, os exercícios excêntricos, ou seja, aqueles que solicitam que o músculo se contraia enquanto é alongado, são reconhecidamente capazes de provocar maior trauma e, portanto maior incidência do processo (Paddon-Jones, Muthalib,  Jenkins 2000, Dierking, Bemben, Bemben, Anderson 2000).
Este maior dano muscular decorrente do exercício excêntrico é explicado pela exposição de um número relativamente pequeno de fibras musculares a altos picos de torque, gerados durante o alongamento ativo.
Quanto ao tratamento do quadro, encontramos na literatura vários procedimentos propostos, como por exemplo: suplementação nutricional pós-treino e a base de antioxidantes, manipulação, alongamento, hidroginástica, massagem, crioterapia, compressão, eletro, termo e fototerapia, além do uso de medicação analgésica e/ou anti-inflamatória. (Zhang, Clement, Taunton 2000, Almekinders 1999, Johansson, Lindstrom, Sundelin, Lindstrom 1999, Craig, Barron, Walsh, Baxter, 1999, Craig, Barron, Walsh, Baxter, Allen 1999, Phillips, Childs, Dreon, Phinney, Leeuwenburgh 2003).
Co-autora: Dra Gerseli Angeli

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Retirado de http://drturibio.com/ às 15:00 de 08/10/2012

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