O processo de recuperação após o esforço físico, definido por Devlin e Horton (1989) como um período de transição da fase catabólica que ocorre durante o exercício para uma fase anabólica, tem como finalidades repor as reservas energéticas gastas assim como também retirar o lactato acumulado na corrente sangüínea e nos músculos por ocasião do exercício. Neste artigo, a intenção é demonstrar como este processo de recuperação funciona e compreender quais são as melhores medidas a serem adotadas para que este processo possa ocorrer de maneira mais rápida e satisfatória possível.
Inicialmente faremos uma breve explanação sobre a importância do oxigênio de recuperação e posteriormente mostraremos a relação deste com a restauração das reservas energéticas e com a remoção do lactato no sangue e nos músculos.
1 - Oxigênio de recuperação
2- Restauração das reservas de fosfagênios (ATP-PC)
Os fosfagênios são os primeiros compostos energéticos gastos durante uma atividade física. Vários estudos mostram que a restauração destes compostos ocorre muito rapidamente, sendo aproximadamente 70% restaurados nos primeiros 30 segundos após o exercício e os 30% restantes restaurados dentro de um período que oscila entre 3 e 6 minutos.
A restauração dos fosfagênios requer uma certa quantidade de ATP. Este ATP será fornecido principalmente pelo sistema aeróbio através do oxigênio consumido durante o componente rápido de recuperação e secundariamente pelo sistema anaeróbio através da glicólise anaeróbia (Fox, 2000).
3 - Restauração do glicogênio muscular
Ao contrário dos fosfagênios, que são restaurados em poucos minutos, o glicogênio muscular leva dias para ser restaurado completamente. A quantidade destes dias dependerá basicamente de dois fatores: 1) o tipo de exercício praticado (longa duração e contínuo ou curta duração e intermitente) e 2) alimentação no período de recuperação.
Para exercícios físicos de longa duração e sem intervalos, observa-se que nas primeiras duas horas de recuperação a quantidade de glicogênio muscular restaurada é insignificante. Após este período, tudo irá depender da alimentação. Se for uma alimentação rica em carboidratos, aproximadamente 60% do glicogênio muscular é reposto em 10 horas e os 40% restantes são completamente restaurados em um período de dois dias. Já se a alimentação for pobre em carboidratos, pode ser que até mesmo em um período aproximado de 5 dias a restauração do glicogênio muscular seja insignificante.
Para exercícios físicos de curta duração e com intervalos, observa-se que nos primeiros 30 minutos de recuperação uma quantidade significativa de glicogênio muscular é restaurada, mesmo que não haja ingestão alimentar. A restauração completa requer um período aproximado de vinte e quatro horas; porém, cerca de 53% do glicogênio é ressintetizado rapidamente dentro das primeiras cinco horas de recuperação sem que haja necessidade de uma alimentação rica em carboidratos.
O ATP necessário para a restauração do glicogênio é proveniente do componente lento de recuperação. O sistema aeróbio produz este ATP cuja função é servir como fonte de energia suficiente para unir os precursores comuns do glicogênio (lactato, piruvato e glicose) em um processo conhecido como neoglicogênese.
4 - Remoção do lactato no sangue e nos músculos
Vários estudos comprovam que a remoção do lactato ocorre mais rapidamente quando a recuperação é ativa (com exercício) do que quando é passiva (sem exercício). Esta informação sugere que os praticantes devam exercitar-se continuamente durante o período de recuperação, em vez de entrar completamente em estado de repouso (Fox, 2000). Neste contexto, sabe-se que o ritmo ideal de execução de exercícios para a melhor remoção de lactato em indivíduos destreinados é de 30% a 45% do VO2 máx. Já para indivíduos treinados, 50% a 65% do VO2 máx.
Conclusões
As principais conclusões que podem ser tiradas do presente estudo bibliográfico são:
* O oxigênio de recuperação é o elemento chave no processo de recuperação após o esforço físico. O componente rápido é o principal agente para a restauração dos fosfagênios, enquanto que o componente lento tem as funções de restaurar as reservas de glicogênio assim como também remover o ácido lático da corrente sangüínea e dos músculos.
* A restauração dos fosfagênios é a mais rápida entre as fontes energéticas. Bastam alguns minutos para sua completa restauração e a mesma não depende da ingestão de alimentos.
* A restauração completa do glicogênio leva alguns dias para ser efetuada. A quantidade destes dias depende de 2 fatores: o tipo de exercício praticado e a alimentação no período de recuperação.
* O principal responsável pela remoção do lactato na corrente sangüínea e nos músculos é o oxigênio consumido durante o componente lento de recuperação. Sabe-se também que este lactato é removido mais rapidamente com uma recuperação ativa do que com uma recuperação passiva.
Referências bibliográficas:
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